quinta-feira, 29 de abril de 2010

E bati, e bati outra vez, e tornei a bater,  e continuei batendo sem me importar que as pessoas na rua parassem para olhar,  eu quis chamá-lo, mas tinha esquecido seu nome, se é que alguma vez o soube,  se é que ele o teve um dia, talvez eu tivesse febre, tudo ficara muito confuso, idéias misturadas, tremores, água de chuva e lama e conhaque no meu corpo sujo gasto exausto batendo feito louco naquela porta que não abria, era tudo um engano, eu continuava batendo e continuava chovendo sem parar, mas eu não ia mais indo por dentro da chuva, pelo meio da cidade,  eu só estava parado naquela porta fazia muito tempo, depois do ponto, tão escuro agora que eu não conseguiria nunca mais encontrar o caminho de volta,  nem  tentar  outra coisa,  outra  ação,  outro gesto além de continuar  batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo...
batendo nesta porta que não abre nunca.

Caio F. Abreu

2 comentários:

Isabella Nonato disse...

Babi, amei o comentário que você deixou pra mim e concordo plenamente! seus fragmentos me arrepiam.

bjo ;)

Luciana Ferreira disse...

Também continuo batendo sem que a porta se abra...